Capão Redondo é o bairro que mais registra ocorrências de estupros em SP

Um estupro a cada cinco dias. Essa é a média registrada no 47 Distrito Policial do Encontra Capão Redondo, na Zona Sul de São Paulo, bairro com a maior incidência desse crime na cidade, segundo estatística da Secretaria de Segurança Pública.

Nos primeiros 11 meses do ano passado foram 67 estupros registrados. Casos como o da menina K.O., de apenas 2 meses, que foi violentada pelo  pai, um jovem de 23 anos. Quem descobriu foi a avó materna, que viu sangue em sua fralda e chamou a polícia. Um exame do IML (Instituto Médico Legal) atestou: a criança foi “deflorada”.

Nesse caso, o mais impressionante é que a mãe do bebê, uma menina de 15 anos, deixou a criança com a avó e fugiu com o autor do crime, que está com prisão preventiva decretada.

Segundo o delegado titular do 47 DP, Baldomero Cortada Neto, esse caso é emblemático e ilustra a realidade do bairro. “Cerca de 75% dos estupros que acontecem aqui ocorrem dentro de casa, praticados por membros da  família”, confirma.

Capão Redondo é um populoso bairro da Zona Sul da cidade com sérios problemas sociais. Segundo o Observatório Nossa São Paulo, 31,24% dos domicílios estão dentro de favelas, 20% das moradias não possuem esgotamento sanitário e 47% da população entre 18 e 19 anos não concluiu o ensino fundamental.





Praticamente um quinto da população do Capão Redondo é considerada como de alta vulnerabilidade social  e o número de óbitos por homicídio de jovens do sexo masculino, com idade entre 15 e 29 anos, é um dos maiores da cidade: 62,45 para cada 100 mil habitantes. “Essas pessoas têm como referência um entorno de violência e conflito e isso se reproduz dentro de casa”, afirma a coordenadora do núcleo de estudos de violência e justiça da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica), Graziela Pavez.

Basta dar uma volta pelo bairro para constatar a realidade demarcada pela professora da PUC. Mulheres têm como norma andar sempre em  grupo pelas ruas, evitam lugares ermos e quase não caminham pelas vias à noite. Até dentro de casa, elas cercam-se de cuidados. “Eu não deixo nunca minhas duas meninas sozinhas”, disse a técnica em cobrança Rosemeire Santos, mãe de uma criança de 4 meses e uma garota de 8 anos. “Quando saio para trabalhar deixo elas na casa da minha irmã”, conta.

O mesmo faz a moradora Flávia de Oliveira, mãe de Rafaela, de 1,6 ano. “Aqui a gente não tem sossego”, admite. “Não pode nunca fechar os dois olhos”, diz.

Fonte: Diário de S. Paulo





Deixe seu comentário